terça-feira, 21 de agosto de 2012

Holocausto II

por Ronaldo Gomlevsky

Cheguei à Áustria depois de dois dias de forte sol inglês e me deparo com um calor sufocante em Viena, que leva seus habitantes a fazerem fila na porta das mais diversas sorveterias da cidade.

Antes de começar o meu trabalho na comunidade judaica, abro o primeiro jornal hoje pela manhã e percebo uma charge duplicada. Presto atenção nos desenhos e observo um velho suarento e gordo de terno, com um aspecto de ganância comendo um prato cheio e sendo servido de água. Bem à sua frente, um pobre cidadão com um osso no prato, dando a impressão de fome. Esse movimento indica a ganância do sistema financeiro sobre o povo.

Logo abaixo, a duplicação da tal charge, como se fora o jogo dos sete erros. O velho suarento e gordo passa a possuir um nariz aumentado e adunco. Suas abotoaduras apresentam estrelas de David incrustadas. Sobre si as palavras "o banqueiro".

Trata-se do jornal diário Wiener Zeitung que questiona o site de um tal Strecher, político local, conhecido por suas ideias de extrema direita.

Até aí, história que nós judeus e os democratas do planeta conhecemos muito bem e sabemos que desembocou no episódio do Holocausto. Ou seja, a serpente está de novo mostrando o rabo.

Mas, este não é o prato de resistência de minha indignação. Vem coisa pior por aí.

Começou na Alemanha, correu pela Escandinávia e está beirando países como a Holanda e a Bélgica, de onde, certamente se irradiará para a Europa inteira.

Vamos ao assunto. Um certo muçulmano na Alemanha, tendo realizado, supostamente, uma circuncisão mal feita em alguma das crianças de seu grupo social, teve que responder a um processo na justiça. Este tema desencadeou uma verdadeira febre que culminou com a proibição de prática para a circuncisão fora do ambiente médico. Ora, nós os judeus sabemos circuncidar e temos técnicos e técnica para isto, desde o dia em que Abraão se acertou com D'us, no episódio de Isaac.

A proibição da circuncisão mexe com os mais profundos valores e com as raízes mais identificadas do comportamento judaico no mundo, desde nossa existência.

Dizer não a esta prática, através de lei, mesmo que no início, os debates foram travados e levantados por gente bem intencionada, significa deixar claro que a presença judaica na Europa não é desejada. Aliás, esse fato não é novidade e só mesmo os judeus não enxergaram e não entenderam o recado dado pela Igreja Católica, pelos Cossacos, por Hitler e por tantos outros, durante mais de quinhentos anos.

Talvez agora, exista uma nova e moderna forma de jogar os judeus fora do continente europeu.

Não tenho dúvidas que muitos irão dizer que estou delirando. Aqueles que não leram Mein Kampf (Minha luta) escrito muitos anos antes da Segunda Guerra Mundial por Hitler, também achavam que os que avisaram estavam malucos.

Eis aí, para você, judeu ou não, mas democrata, um prato cheio no sentido da produção da análise correta sobre o assunto.

Saiba que todos os conhecidos antissemitas embarcaram nesta discussão e estão trabalhando para que uma nova lei seja implementada no continente europeu, a fim de proibir judeus e muçulmanos não só de praticarem seus rituais de pertinência, mas também seus rituais de abate de animais, o que levaria os judeus ao menos, a não terem mais espaço na Europa. Pense nesta questão que não é uma brincadeira mas que pode se transformar num novo pesadelo para quem há menos de setenta anos foi obrigado a se deparar com câmaras de gás e assassinatos coletivos.

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