quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Escola de profetas em Israel

Desde o dia 30 de dezembro uma notícia vem se espalhando no mundo judaico através das redes sociais. Uma "escola para profetas" teria sido criada em Israel. As fontes brasileiras desta informação são pequenos sites e blogs católicos e evangélicos radicais que possuem uma linha de trabalho desfavorável aos judeus e à Israel como Estado Judeu. Preferem um "Israel Cristão." Assim sendo, mutilaram e editaram a notícia da Associated Press para preencher suas necessidades de propaganda. Nada diferente que seus antepassados fizeram com tantos outros textos. A verdade da nota da AP é diferente do que as pessoas já leram no Brasil. Shmuel Hapartzy, que não é apresentado como rabino ou estudioso judeu, e sim como membro do Chabad, fundou a "Escola Para Profetas Caim e Abel." A liderança do Chabad em Israel se dissociou e afastou completamente de Hapartzy. E é claro que nem Caim, assassino nem Abel, vítima, foram profetas de coisa alguma. A lista de profetas judeus é bem curtinha. Há uma tradição (não é halachá - lei religiosa) de que ninguém mais pode "ser profeta" desde a destruição do Segundo Templo de Jerusalém pelos romanos. Novos profetas, apenas "quando o Messias chegar." Como o movimento Chabad é dividido e parte dele acha que o Messias já chegou, Hapartzy parece ser coerente com a tradição (para esta vertente) e uma fraude, para todo o restante dos judeus. Rachel Elior, professora de "pensamento judaico" na Universidade Hebraica de Jerusalém declarou, categoricamente: "Não existe maneira de ensinar a profetizar. É como abrir uma escola para criar Einsteins e Mozarts." Mas Hapartzy não está nem aí. Por cerca de 110 reais, bem barato, e 40 aulas curtas, o aluno recebe seu "diploma de profeta." Para tanto vai cursar "matérias" como: o significado dos sonhos, a classificação dos anjos, os mistérios do espírito santo, como discernir os sentimentos de uma pessoa pelo seu comportamento e aparência externa. Parece mais um curso para barraquinha de adivinhações de parque de diversões. Hapartzy não está interessado em lucro. A turma inaugural teve 12 alunos entre os 18 e os 50 anos. Na foto, vemos Hapartzy, aos seus 34 anos, em ação com estes alunos. Falador, não escondeu suas raízes da reportagem. É um engenheiro de software imigrante russo. Originalmente como a quase totalidade dos russos imigrados para Israel, era ateu. Perambulou por diversos misticismos, filosofia chinesa, astrologia, magia negra, cultos cristãos até que se encontrou no judaísmo do Chabad. Ele compilou o material de seu curso dos textos amplamente disponíveis. O nome "Caim e Abel, representa pessoas de diferentes polos espirituais, que a escola almeja unir", explicou. O porta-voz do Chabad em Israel, Menachem Brod, sintetizou: "É uma maluquice completa."

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