terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Judeus e Negros

Uma iniciativa conjunta entre o Centro Wilson de Cultura Afro-Americana e o Centro do Holocausto de Pittsburgh nos Estados Unidos, produziu uma interessante exposição que tem possibilidades de percorrer os EUA. O tema é bem focado: como os atletas negros e judeus desafiaram Hitler e a supremacia ariana nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. Apesar de que os curadores dos jogos não entraram no mérito do aval dado pelo Comitê Olímpico Internacional ao nazismo quando definiu Berlim como sede da tal Olimpíada, há expostas comprovações da tentativa do governo nazista de banir a inscrição de qualquer atleta judeu ou negro, absurdo que o COI não aceitou. A exposição ainda discute a ineficácia do protesto da Espanha e União Soviética que boicotaram os jogos. Todos tem na cabeça o atleta corredor negro Jesse Owens como o grande herói medalhista de quatros ouros que desafiou Hitler. Houve muitos outros. Foram 18 atletas na equipe americana. Archie Williams, ouro nos 400 metros rasos que depois foi instrutor de pilotos de combate negros na Segunda Guerra Mundial; Mack Robinson, prata nos 200 metros rasos que depois foi o primeiro negro a jogar na Major League do basebal americano. No salto em altura, todo o pódio americano foi negro: Cornelius Johnson (ouro), David Albritton (prata) e Delos Thurber (bronze). John Woodruff, ouro nos 800 metros rasos, foi oficial nas unidades só para negros na Segunda Guerra Mundial. Do lado judaico, a atleta Helene Mayer, foi a única judia a disputar pela Alemanha. Vários atletas judeus alemães de ponta foram excluídos como Lilli Enoch 10 vezes campeã alemã e 4 vezes recordista mundial do arremesso de peso e de disco, e Gretel Bergmann, excluída do time alemão algus dias depois de estabelecer o recorde mundial de salto em altura. O capitão Wolfgang Fürstner, comandante da Vila Olímpica foi removido do cargo durante a olimpíada por ter sido descoberto que era meio-judeu. Fürstner cometeu suicídio pouco depois do final dos jogos. Há dados interessantes como a ação de Halet Çambel, primeira mulher turca a participar de uma olimpíada que se recusou a apertar a mão de Hitler declarando que não o faria devido as atitudes dele contra os judeus. Pode parecer que não ensinaram algumas coisas para você, mas 13 atletas judeus foram medalhistas em 1936 bem na cara de Hitler. A alemã Helene Mayer foi prata na esgrima em florete, a categoria principal, perdendo para a campeã mundial e também judia, a húngara Ilona Schacherer-Elek. O terceiro lugar coube a outra judia, a austríaca Ellen Preis (todas conseguiram fugir e sobreviver ao Holocausto). Ilona Schacherer-Elek se tornou ícone esportiva na Hungria comunista. A prática da esgrima por judeus era comum nos grupos mais abastados europeus. O Holocausto varreu essa gente toda. Samuel Balter foi ouro pelo basquete enquanto Irving Maretzky ficou com a prata pelo Canadá. György Bródy e Miklos Sarkany foram ouro no waterpolo pela Hungria e Gerard Blitz recebeu um bronze pela Bélgica. Karoly Karpati, outro húngaro, foi ouro em luta livre. No levantamento de peso pela Hungria enquanto o austríaco Robert Fein levantou para o ouro na categoria peso leve (na foto). Endre Kabos venceu na esgrima masculina, no sabre, tanto no individual como em equipe, faturando dois ouros em Berlim pela Hungria. Ibolya K. Csak, também húngara, foi ouro no salto em altura e podíamos ter tido duas judias no pódium se Gretel Bergmann não tivesse sido impedida de participar da equipe alemã pelos nazistas. Jadwiga Wajs levou a prata no arremesso de disco feminino. A delegação brasileira foi composta por 73 membros (6) mulheres e não obteve nenhuma medalha. (Foto de divulgação)

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