A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) pode abrir as portas em três meses. Foi a previsão dada pelo delegado da Polícia Civil, Orlando Zaccone, a integrantes da Comissão de Combate às Discriminações da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta sexta-feira (01/09). O objetivo da unidade especializada, cuja abertura está sendo estudada pelo Governo do Estado, é melhorar o atendimento a vítimas de intolerância religiosa, racismo e xenofobia.
"Essa delegacia tem como objetivo trazer para si a responsabilidade de investigação de qualquer crime por motivo de intolerância seja por racismo, homofobia, xenofobia, enfim. Por ser uma delegacia especializada, terá profissionais com conhecimento mais profundo, formados para trabalhar com esse tipo de delito, que é grave", disse Zaccone.
O presidente da Comissão, deputado Carlos Minc (sem partido), informou que terá uma reunião com o Chefe de Polícia Civil, delegado Carlos Augusto Leba, essa semana, e colocará em pauta a proposta de uma nova audiência. "Nós hoje trouxemos aqui vítimas de intolerância e várias ideias surgiram para reformar e vencer essa maré conservadora. E finalmente vai sair, depois de três anos de briga da comissão do Cumpra-se, a Decradi", completou o parlamentar.
A coordenadora do Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos (Ceplir), Lorrane Machado, sugeriu que houvesse uma audiência da comissão com a Polícia Civil para esclarecer melhor as circunstâncias de casos de intolerância. "Em 2011, tivemos esse encontro com o ex-chefe da Polícia Civil e ele fez um ofício recomendando que qualquer vítima de intolerância religiosa seja tipificada na lei 7.716/89", disse. "Temos dados, hoje, de que mais de 70% das vítimas vão às delegacias, fazem os registros não como intolerância religiosa, mas como violação, injúria ou vandalismo.
"Presente ao encontro, o babalorixá Ivanir dos Santos disponibilizou à Polícia Civil uma turma de capacitação de multiplicadores de combate à intolerância religiosa, que acontece na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Temos duas turmas com uma durabilidade de quatro meses. Podemos oferecer aos policiais para que eles compreendam e saibam como agir em caso de intolerância religiosa."