Por Ronaldo Gomlevsky
Emoções olímpicas podem matar do coração qualquer menos avisado torcedor que ame seu país.
Aqui do Brasil, quantas vezes, nestes últimos quinze dias, quase morremos e quantas vezes renascemos das cinzas?
Quem afirma, de verdade, que vai se esquecer da menininha que nos ofereceu a primeira medalha de ouro, demonstrando a força do mais recôndito interior deste brasilzão, craque no judô? O próprio judô nos atirou de bunda no tatame com a derrota de nossos mais esperançosos lutadores.
O que aconteceu com a gangorra de nossas aflições no episódio do vôlei feminino será absolutamente inesquecível para o resto de nossas vidas. Lavou nossas almas manchadas por tantos mensalões desta vida nacional.
Em seguida, vem a piração da perda do vôlei dos homens. Triste como a morte de um amigo de infância. O pior é que veio a reboque da mais acachapante derrota que nossos olímpicos registraram. Foi a pancada que levamos na mufa junto com a derrocada do titanique tupiniquim timoneado pelo acanhado e acovardado franjinha do cabelo duro, mais conhecido pelo vulgo de Neymar. Compará-lo com Messi ou gente similar não passa mesmo de uma piada. Se Nelson Rodrigues estivesse vivo, certamente escreveria, em sua crônica do dia seguinte, que nunca antes na história deste país tínhamos voltado tão rapidamente à síndrome do sentimento de cachorro vira-lata, que sempre acometeu a melhor parcela do nosso povo e que tinha sido lançada ao ralo com a vitória do scratch (seleção) brasileiro na Copa de 58, que estreou para o mundo o menino Pelé, que viria a se tornar rei do planeta bola, e o anjo das pernas tortas, Garrincha, que viria a se afogar nas mágoas de suas "branquinhas" de todas as cores.
No fim de tudo, ante o séquito mais a caráter de Elizabeth II, nos sobraram as vitórias de bronze e prata no pentatlo feminino e no boxe.
E, para acabar mesmo, vibramos todos com os brincos de Gulliver, que vêm a ser as argolas que nos deram um ourão inesperado.
Apesar das mortes e das vidas de tantos Severinos e Severinas, continuamos respirando. Assustados, é bem verdade, mas ainda esperançosos no que vamos realizar daqui a quatro anos, nos palcos da Cidade Maravilhosa, nos palcos de 2016.
Saúdo daqui todos os atletas brasileiros medalhistas e os que não obtiveram sucesso, lembrando a eles que o mais importante é vencer e gravar seus nomes na história. Apenas competir fica para Coubertin e para os medíocres.
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