quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

HÁ 109 ANOS UM JUDEU ASSUMIA O MINISTÉRIO DA FAZENDA DO BRASIL

Às vésperas da nomeação de Joaquim Levy, lembramos do primeiro ministro de origem judaica a comandar a pasta das finanças no Brasil: David Morethson Campista.

David Morethson Campista.

Redação - MENORAH BRASIL

Em 22 de janeiro de 1863 nascia na então Corte Imperial do Brasil David Morethson Campista. Filho de um humilde farmacêutico chamado Antônio Leopoldo da Silva e da dona de casa Emília Morethson Campista, filha de uma imigrante das primeiras levas de judeus a desembarcarem no país após a sua independência, era ela portanto judia de ventre assim como seu filho, batizado com o mesmo nome do lendário rei de Israel.

David Morethson Campista se formou em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1883. Fixou residência em Rio Preto, na então província de Minas Gerais, onde foi Agente Executivo Municipal, exerceu a Promotoria Pública e organizou o Clube Republicano de Rio Preto. Em 1891, após a queda da monarquia, foi nomeado intendente de Rio Preto, onde instalou a primeira tipografia e lançou o primeiro jornal, o “Rio Preto”.

Foi Deputado Estadual por Minas Gerais entre 1891 a 1892. Assumiu a Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas no governo de Afonso Pena, durante o período de 1892 a 1894. Como Secretário, incentivou o ensino profissional, criou os institutos zootécnicos de Uberaba e Campanha e os institutos agronômicos de Itabira e de Leopoldina. Organizou também a Comissão Construtora da Nova Capital (Belo Horizonte) e introduziu no Estado 50 mil imigrantes estrangeiros, muitos deles também de origem judaica.

Entre 1894 e 1898, dirigiu o serviço de imigração na Europa como comissário do governo mineiro em Gênova, Itália. Posteriormente, foi Secretário das Finanças do presidente (governador) de Minas Gerais Silviano Brandão (1899-1902).

Durante o período de 1903 a 1906, exerceu o cargo de Deputado Federal, quando foi o relator do projeto de reforma do Banco da República, depois Banco do Brasil. Foi quando Afonso Pena, agora presidente da república, o nomeou para o ministério da Fazenda. Permaneceu à frente das finanças nacionais até 14 de junho de 1909, quando se tornou embaixador do Brasil na Dinamarca. Enquanto ministro, cunharam-se as moedas de prata de dois mil, um mil e de quinhentos réis; sancionou-se o decreto legislativo definindo a letra de câmbio e a nota promissória; regularam-se as operações cambiais; autorizou-se empréstimo para ocorrer às despesas com os serviços de água da Capital da República e construção de vias férreas bem como a emissão de apólices para a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

1907 - 06 - 29 - 0012 - FONFON - automovel com família de DAVID MORETZON CAMPISTA
publicada na revista Fon-Fon de 29/jun/1907

Foi no exercício de sua função diplomática que David Campista faleceu, em Copenhagem, no dia 12 de outubro de 1911. Seu corpo embalsamado foi trasladado para o Rio de Janeiro, onde foi sepultado no Cemitério do Catumbi.

Quase 100 anos depois do nascimento de David Campista, também no Rio de Janeiro, vinha ao mundo Joaquim Vieira Ferreira Levy. O futuro Ministro da Fazenda descende pelo lado paterno de uma prestigiosa família de judeus de Salônica. Sa´adi Besalel a-Levi (1820-1903), filho de Besalel a-Levi Ashkenazi e Merkada (Morpurgo) Kovo, cantor e compositor, editor de textos religiosos e seculares em hebraico e ladino e do jornal "La Epoka", viveu o momento de transição desta comunidade na entrada para a era contemporânea e laica. Rebelde, ele se indispôs com rabinos e foi excomungado. Amargurado escreveu as memórias em ladino e caracteres solétreos. É uma visão contestadora de aspectos desta comunidade e também um documento linguístico. O manuscrito passou ao filho, que deixou para o sobrinho, e este ao filho, o médico carioca Sadi Sílvio Levy – pai, dentre outros, de Joaquim Levy.

O raro manuscrito foi doado por Sadi Sílvio Levy para o Jewish National and University Library em Jerusalém, com a intenção de ser publicado numa edição bilíngue. Com edição e introdução de Aron Rodrigue e Sarah Abrevaya Stein, tradução e transliteração de Isaac Jerusalmi ele foi publicado neste ano como era o desejo do seu doador.

Um comentário:

  1. Eu não entendo uma coisa. O que tem que haver a crença de uma pessoa com seu status de ser humano? Só porque não está na cara , como por exemplo, nos orientais ou dos africanos. Eu conheço judeus negros, judeus chineses e por aí a fora. Ou será que os cristãos também são chamados pela sua religião pejorativamente como o fazem com os judeus? Não esqueçam que o chefe dos cristãos foi rabino.

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