quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Mulheres mais atingidas nas catástrofes climáticas

Quando o ciclone Sidr varreu a costa de Bangladesh, em 2007, mais de 3 mil pessoas morreram - a maioria delas, mulheres. Isso não aconteceu por acaso, afirma Sharmind Neelormi, da Universidade Jahangirnagar, em Savar, que investiga os impactos da mudança climática na população do país.Segundo a especialista, as mulheres nas áreas remotas de Bangladesh foram as últimas a saber da aproximação do ciclone porque costumam viver excluídas da vida pública. Além disso, elas não costumam usar os abrigos anticiclone. Isso porque eles têm apenas um banheiro de uso coletivo e, como aponta Neelormi, essa situação causa constrangimentos às mulheres. "Se os abrigos fossem construídos de outra maneira, milhares de mulheres poderiam ter sobrevivido", afirma Neelormi. .Um estudo feito em 2009 pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) apontou que, nos países em desenvolvimento, as mulheres sentem os efeitos das mudanças climáticas com muito mais intensidade que os homens. Isso porque elas trabalham com maior frequência na agricultura e, por isso, são diretamente afetadas por eventos climáticos que interferem na produção de alimentos. Mas este é apenas um dos problemas levantados pelo estudo. Mulheres em países em desenvolvimento têm menos oportunidades de gerar sua própria renda. Elas são mais ligadas à família e têm menos mobilidade. Isso também, conforme o estudo, contribui para aumentar sua vulnerabilidade a desastres naturais. No Malawi, uma companhia irlandesa ajuda a treinar mulheres de áreas rurais para construir e vender fogões que consomem menos energia. O uso desses fogões reduz as emissões de fumaça nociva à saúde. Além disso, o menor consumo de lenha ajuda a evitar o desmatamento. Apesar de esforços isolados, fica claro que as mulheres ainda não desempenham um papel central na definição de políticas climáticas. A ativista Gotelind Alber, da organização Women for Climate Justice, diz que as maiores barreiras são a falta de consciência sobre o problema e desigualdades estruturais entre homens e mulheres."Quando se trata de planos e decisões sobre as questões climáticas, as mulheres estão mal representadas em todos os níveis", afirma Alber. Ela diz ainda que a questão da igualdade de direitos não é considerada nos debates sobre o clima.O governo de Bangladesh deu sinais de que está mudando. A estratégia nacional para as mudanças do clima e o plano de ação proposto pelo governo determinam que o aspecto feminino deve ser levado em consideração em qualquer planejamento de adaptação às mudanças climáticas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão moderados, não sendo publicadas ofensas, propaganda racista ou revisionista, ou proselitismo, resguardado o direito de liberdade de expressão. Se vc quiser ofender, crie seu próprio blog. É fácil! Por mais ofensivo que for, nenhum usuário que não tiver seu comentário publicado será considerado como spam ou será bloqueado.