quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Vontade e atitudes políticas

Circunstâncias raras as que dão título ao meu editorial. Principalmente, em se tratando de governos no Brasil. Confesso que me sinto muito mais cidadão do Rio de Janeiro quando a PM, corporação que não há muito, causava medo à população, hoje resolve desvendar as mazelas de alguns de seus membros, o faz e os prende. Não são um ou dois. Foram mais de sessenta peemes presos de uma fornada só. Envolvimento com o tráfico de drogas, com assassinatos, com formação de quadrilha e com a malversação de suas funções, obrigaram o comando da PM do nosso estado, com total apoio do governador Sérgio Cabral, a cortar na própria carne e assim, satisfazer a população, demonstrando que o mal é o mal e como tal deve ser tratado, ainda que dentro de nossa própria família.

A coragem para punir companheiros de farda em nome e a favor da população não é inédita mas, por outro lado, tem sido rara no Brasil e, por isso mesmo, precisa ser ressaltada, homenageada e elevada ao primeiro plano quando se pensa em administração da coisa pública. Levar seus próprios membros às barras dos tribunais em função de seus crimes, dá à corporação, o estado que ela merece que é o estado de verdadeiro amigo número um da cidadania.

A ação é um exemplo da nova mentalidade no Rio de Janeiro, em que todos os poderes públicos se integram em busca do que é melhor para a sociedade.

Acabaram os tempos em que a mesquinharia prevalecia, e "ser oposição ao governo federal" ou "ser oposição ao prefeito" bastavam para que nada fosse para a frente.

A investigação da Operação Purificação, como se chamou esta que levou estes criminosos às grades, começou, de fato, com a Polícia Federal, atuando em outros Estados, e chegando a Duque de Caxias. O superintendente da PF no Rio, dr. Valmir Lemos, assim que foi informado do envolvimento de policiais, contatou a Inteligência da Secretaria de Segurança, a Inteligência da PM e o Ministério Público estadual. Todos se deram as mãos e trocaram informações. Essa é a marca da atual gestão do Rio de Janeiro: o diálogo e a integração entre as instâncias de governo e as instâncias de secretarias. Toda a população só tem a ganhar.

O comando atual da PM jamais negou que a corporação tem sérios problemas. O comandante-geral, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, sempre foi o primeiro a reconhecer problemas e anunciar as soluções. Hoje a Corregedoria da PM funciona a contento, graças à parceria com órgãos que têm autorização e recursos para fazer investigações com escutas telefônicas. A PF, como instituição parceira, ajudou na prisão dos traficantes e na coleta de dados para que a prisão dos policiais corruptos pudesse ser decretada e executada pela PM e pela Secretaria de Segurança.

O caminho é longo, e há muito trabalho pela frente. Mas é importante ter a consciência de que muitos bons passos já foram dados pelo governo, que terá na atual gestão da Segurança Pública a chance de estabelecer um marco histórico. Esta é a cara do Estado do Rio de Janeiro que desejamos.

O Rio merece.

Ronaldo Gomlevsky

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